De longe o Natal é a festa religiosa que envolve todos os setores da sociedade, até mesmo os que tratam com indiferença o Menino pobre que nasceu em Belém ou que não creem no verdadeiro motivo da festa, que é o mistério de um Deus que se faz pessoa humana. A propaganda comercial chega a falar de “magia do Natal”, para expressar o clima de festa, luzes e cores que “aquecem” o movimento nas lojas e nas ruas. É também um tempo de grandes expectativas, de renovação da esperança individual ou coletiva, incrementando o espírito de fraternidade e reconciliação. Tudo isso manifestado em gestos de caridade, com música e mensagens, momentos de confraternização e partilha.
Enquanto isso, uma das atividades mais bem acolhidas nas comunidades cristãs católicas é a Novena de Natal. Ela acontece nessa ocasião bem conturbada por causa do movimento no comércio e do encerramento das atividades escolares. No entanto, assim como a feliz expectativa diante de uma mulher quando entra no nono mês de gestação, muitas pessoas revivem, a cada ano, através da Novena de Natal, uma expectativa semelhante em relação ao nascimento do Menino Deus.
Como é bonito ver acontecendo, a cada ano, a Novena de Natal! Grupos de famílias, gente animada, de casa em casa, na cidade e no meio rural, homens e mulheres, pessoas idosas, crianças e jovens, partilhando alegrias e dores, expressando gestos de acolhida, fraternidade e solidariedade, iluminando a fé e a vida com a meditação da Palavra de Deus e com a oração, preparando em cada coração uma manjedoura para o Menino Deus, acendendo as luzes da feliz expectativa da realização das promessas de Deus para o seu povo, deixando em cada lar a mensagem de esperança de um mundo de paz, a confiança no amor de Deus e a certeza de que Ele está sempre presente junto ao seu povo. A Novena, em si, já é celebração da festa do Natal.
Temos a grata satisfação de celebrar a Novena de Natal em nossa Diocese com subsídios próprios (livrinho e cartaz), elaborados desde 2005 pela Pastoral Bíblica Diocesana, tentando expressar nosso jeito próprio de acolher, meditar e iluminar a nossa realidade com a Palavra de Deus. O tema da Novena deste ano é “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). Ao longo dos nove dias, o roteiro (livrinho) desenvolve uma reflexão a partir da história da salvação, mostrando que Deus, sempre presente na caminhada de seu povo, foi preparando com paciência e muito amor o momento da sua revelação plena e total, junto com o cumprimento da promessa de enviar ao mundo o Salvador.
Deus, em sua infinita bondade surpreendeu a todos, enviando o seu próprio Filho, Jesus, com a colaboração de uma jovem mulher, Maria. Em Jesus, Deus se fez carne e veio viver a nossa vida e em nós, nos adotou como filhos e filhas e revelou o seu rosto terno de Pai e seu agir misericordioso, oferecendo a humanidade inteira a graça da comunhão plena com Ele. Se o povo de Israel tinha como missão ser “uma luz entre as nações” (Is 49,6), para testemunhar a fé no único e verdadeiro Deus e tornar conhecido o seu projeto de salvação para toda a humanidade, o Menino Jesus, já ao nascer, atrai com sua luz povos que percorrem distâncias para “adorar o menino que acabou de nascer” (Mt 2,2).
Percorrendo esse caminho da história, relendo os textos próprios da Liturgia do Advento e refletindo sobre os desafios para a fé e a missão dos cristãos no mundo de hoje, as comunidades eclesiais missionárias não somente fazem uma digna e caprichada preparação da festa do Natal, como também renovam seu engajamento na missão de promover a comunhão e a participação, em vista da construção do Reino de Deus, testemunhando, com alegria e esperança, a proximidade do Senhor que caminha com seu povo e o cerca de carinho e proteção.
Pe. Elizeu Hilário de Souza