“O tema da água que salva volta com frequência na liturgia quaresmal. A partir deste domingo, a Igreja oferece à comunidade cristã que revive seu batismo uma síntese da história da salvação, servindo-se do rico simbolismo da água.
Necessária para a existência de todos os seres vivos, a água é um elemento “natural” que nos é dado, não é fruto de trabalho: a água viva de uma fonte exprime também o milagre renovado da vida. Fazendo brotar água da rocha, Deus se manifesta salvador de seu povo e o põe em condições de prosseguir a viagem até a terra prometida. A abundância da água se torna símbolo da abundante salvação que virá unicamente de Deus: um rio que brota do templo purificará o povo, saciará sua sede, fecundará a terra.
A água do batismo pode, portanto, lavar os pecados e fazer renascer os filhos de Deus em virtude do sangue de Cristo, fonte de todo perdão. Quem confessa que Cristo é o Messias, o enviado de Deus, aceita que a salvação se fala da maneira e no momento querido por Deus; compreende que sua sede profunda só é saciada pelo dom de Cristo; torna-se, para os que o cercam – como a mulher samaritana -, revelador da presença que tudo transforma.” (Missal Dominical)
A penitência está fundada sobre a realidade batismal, batismo e penitência são os “mistérios” próprios da Quaresma. A Quaresma não é só batismal porque nos prepara para a renovação das nossas promessas na Vigília Pascal, mas porque exige de nós um comprometimento mais forte com as exigências intrínsecas do sacramento do Batismo. A Igreja é uma comunidade batismal porque formada pelo banho da regeneração e porque vive a dinâmica da conversão continuamente. A aspersão neste domingo quer, simbolicamente ligada ao evangelho e ao significado profundo da Quaresma, nos trazer a realidade do nosso batismo e nossa conversão que processualmente está se desenvolvendo.
– Padre Igor Neves Passos
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